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26 de Abril de 2024

STF decidirá se juiz deve ser chamado de doutor

Publicado por Consultor Jurídico
há 10 anos

O Supremo Tribunal Federal deverá analisar na próxima semana uma ação em que um juiz do estado do Rio de Janeiro exige ser chamado de doutor e senhor pelos funcionários do prédio onde mora. O processo foi distribuído ao ministro Ricardo Lewandowski na semana passada.

O caso data de agosto de 2004. Antonio Marreiros da Silva Melo Neto, juiz titular da 6ª Vara Cível de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, pediu ajuda a um funcionário do prédio para conter um vazamento em seu apartamento. Por não ter permissão da síndica, o empregado negou o socorro. Os dois discutiram e, segundo o juiz, o homem passou a chamá-lo de cara e você, com o intuito de desrespeitá-lo. Marreiros pediu para ser tratado como senhor ou doutor. Fala sério foi a resposta que obteve.

Marreiros, então, entrou com uma ação na Justiça e, em setembro do mesmo ano, obteve liminar favorável do desembargador Gilberto Dutra Moreira, da 9ª Câmara Cível do TJ-RJ. Moreira criticou o juízo de primeiro grau, que não proveu a antecipação de tutela ao colega de profissão, classificando a recusa de teratológica.

Tratando-se de magistrado, cuja preservação da dignidade e do decoro da função que exerce, e antes de ser direito do agravante, mas um dever e, verificando-se dos autos que o mesmo vem sofrendo, não somente em enorme desrespeito por parte de empregados subalternos do condomínio onde reside, mas também verdadeiros desacatos, mostra-se, data vênia, teratológica a decisão do juízo a quo ao indeferir a antecipação de tutela pretendida, escreveu o desembargador.

Na época, o presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro, Octávio Augusto Brandão Gomes, repudiou a decisão. "Todos nós somos seres humanos, afirmou. Ninguém nessa vida é melhor do que o outro só porque ostenta um título, independente de ter o primeiro ou segundo grau completo ou curso superior", completou.

A decisão foi confimada em março do ano seguinte, quando a 9ª Câmara Cível da Corte fluminense atendeu, por maioria de votos (2 a 1) o pedido de Marreiros.

Em maio, no entanto, Marreiros obteve decisão contraria do juiz Alexandre Eduardo Scisinio, da 9ª Vara Cível de Niterói, que entedeu não competir ao Judiciário decidir sobre a relação de educação, etiqueta, cortesia ou coisas do gênero.

De acordo com a deliberação de Scisinio, doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico utilizado apenas quando se apresenta tese a uma banca e esta a julga merecedora de um doutoramento. O título é dado apenas às pessoas que cumpriram tal exigência e, mesmo assim, no meio universitário.

Ele ressaltou, ainda, que o tratamento cerimonioso é reservado a círculos fechados da diplomacia, clero, governo, Judiciário e meio acadêmico, mas na relação social não há ritual litúrgico a ser obedecido.

Marreir...

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78 Comentários

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Não há bom senso na exigência que um indivíduo com restrições de instrução e educação obedeça a tratamentos usuais em ambientes mais cultos. O cidadão mais preparado para o convívio social, ainda mais um magistrado, tem maiores condições intelectuais de resolver um impasse desagradável como esse, fruto do despreparo de instrução de nossos concidadãos mais humildes, principal responsabilidade de nossa impatriótica elite brasileira. Pior, usar a sobrecarregada e insuficiente estrutura judiciária para tutelar esse pretenso direito é conduta egocêntrica, arrogante e, até, imoral, acima inclusive da pretensa legalidade, tornando-se ato ilegítimo e, até, covarde, s. m. j. continuar lendo

Muito bom seu comentário. Me fez lembrar que já respondi processo no Jecrim/RO, acusado de ter desacatado um medíocre delegado de policia, por supostamente tê-lo chamado de covarde e vejo que vc chamou um juiz. kkkkk continuar lendo

Todo juiz é antes de tudo, um advogado.
Já perceberam como esta categoria está em queda livre ?
O pior, é quem vai julgar o caso *(foi sorteado) é o Lewandowisk o mesmo de tristes decisões no Mensalão. continuar lendo

Adorei seu comentário. Não tenho sequer palavras para descrever e aplaudir tamanha maturidade intelectual (a sabedoria real do ser humano: a humildade) continuar lendo

O título de "doutor" é para quem tem DOUTORADO. Não sei se é o caso desse magistrado. continuar lendo

Esse Juíz deveria ser preso!!! continuar lendo

Concordo contigo ! Prepotência de magistrado deveria ser crime para acabar com essa impressão de seres superiores aos demais. continuar lendo

que adianta ele ser preso.
vai pra cadeia, cela especial, será contratado por um escritório de advocacia, vai trabalhar (?) fora, continuara recebendo salário, e ainda recebe salário prisão, usa celular e ainda vai exigir dos demais presos e dos policiais da cadeia que o chamem de DOUTOR
Pode ??? continuar lendo

e os desembargadores que compartilham essa bandalheira também deveriam ser presos continuar lendo

Vossa Majestade seria o correto, não ?? continuar lendo

como assim? chamar Deus de majestade seria ofensivo continuar lendo

Sinceramente estou mais preocupado com a notícia que ouvi a tempos (e que parece não ter sido feito nada em relação ao assunto), que há desembargador que faturaram até mais de 600 mil num único mês. Acho que isso é bem mais relevante o que o tratamento que com que nos referimos a juízes. continuar lendo