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24 de Abril de 2024

Americanos podem ser presos sem processo por tempo indefinido

Publicado por Consultor Jurídico
há 10 anos

Os militares dos Estados Unidos, sob a autoridade presidencial, podem prender, sequestrar e deter por tempo indefinido, sem acusação formal ou sem o devido processo qualquer cidadão americano que represente uma ameaça à segurança nacional. Esse entendimento, exposto em uma decisão de um tribunal federal de recursos dos EUA recentemente, foi confirmado pela Suprema Corte do país, de uma forma indireta. Na segunda-feira (28/4), a Suprema Corte se recusou a julgar um recurso contra a decisão do tribunal inferior, o que equivale a mantê-la, noticiam o site WND, a agência Reuters e outras publicações.

Há anos, o fato de a CIA e os militares americanos prenderem suspeitos que representam qualquer tipo de ameaça aos EUA em outros países, e de levá-los para Guantánamo Bay ou outras prisões secretas em vários lugares do mundo, nunca incomodou muito a maioria da população americana. Mas, agora, qualquer americano pode amargar o mesmo remédio dentro de casa, culpado ou inocente, como no caso dos estrangeiros.

Com essa decisão da Justiça, as discussões na comunidade jurídica passaram a girar em torno do conceito de estado policial, em que os militares e os órgãos de segurança exercem o poder de polícia sobre a população, sem comprometimento com os princípios do estado de Direito.

Não se espera que o Judiciário se mantenha alheio à tentativa do Congresso e do presidente de estabelecer a base jurídica para o estabelecimento do estado policial e a subjugação da cidadania americana, através da ameaça de prisão e detenção por tempo indefinido, sem direito a advogado, sem direito a confrontar os acusadores e sem o direito a julgamento, escreveu à corte um grupo de advogados.

Na opinião dos advogados que representaram os demandantes, a decisão dos tribunais superiores colocam em risco os direitos fundamentais de qualquer criador de caso (como jornalistas) que, segundo as autoridades federais, possam ter qualquer envolvimento com terroristas.

Mobilização

O processo em questão foi movido por um grupo de pessoas e diversas organizações, sob a liderança do jornalista Chris Hedges, um ex-repórter do New York Times, que ganhou um Prêmio Politzer em 2002 por seus trabalhos na cobertura do terrorismo global, e a jornalista investigativa islandesa Kristinn Hrafnsson, porta-voz da Wikileaks, alegam que as autoridades federais podem prendê-los a qualquer tempo, por exercer seus direitos constitucionais de informar.

Entre os demandantes também estão nomes conhecidos por suas obras e por sua luta em favor das liberdades individuais, como Daniel Ellsberg, Jennifer Bolen, Noam Chomsky, Alex OBrien, Kai Warg All e Brigitta Jonsottir, além de alguns parlamentares. E há uma grande variedade de organizações que não têm qualquer relação umas com as outras, nem mesmo de posicionamento político.

Todos buscaram a Justiça na esperança de conseguir uma declaração de inconstitucionalidade da Lei de Autorização da Defesa Nacional. Essa lei especifica o orçamento e as despesas do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, mas também traz outros dispositivos, como o de conferir autoridade aos militares para exercer determinadas ações relativas à segurança nacional.

Inimigo interno

A lei é reeditada pelo Congresso todos os anos. A edição de 2014 foi aprovada no Senado em um momento em que o país estava distraído com um escândalo, depois de passar, quase sem ser notada, pela Câmara dos Deputados.

A lei não se refere a americanos como terroristas. Usa a expressão "extremistas domésticos", um neologismo que ameniza a terminologia mais dura, para não deixar a impressão que os EUA têm terroristas. Mas condena explicitamente aqueles que se associarem a terroristas ou derem qualquer suporte a organizações terroristas.

Como a lei é vaga, ela é descrita como uma espada de Dâmocles sobre a cabeça de qualquer americano que ameace a segurança nacional. Pode ser, por exemplo, um cidadão que divulgue informações ou documentos que coloquem o governo americano em maus lençóis como o que fez Edward Snowden, o ex-agente de segurança que divulgou milhares de documentos oficiais da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA.

É uma lei claramente inconstitucional, disse Hedges aos jornais. É um enorme e grave assalto à democracia. Ela subverte 200 anos da legislação que mantém os militares fora das políticas domésticas do país.

A Suprema Corte não teve coragem de confrontar o Congresso e o governo para proteger os cidadãos americanos contra detenção militar. O governo ganhou e, assim, criou um momento trágico para o povo americano. Algum dia isso será visto como uma vergonha para a Suprema Corte, disse o presidente do Instituto Rutherford, John Whiteehad.

Há precedentes de detenção em massa. Em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, o governo dos EUA prendeu e colocou em campos de concentração milhares de japoneses-americanos. E fez isso com as bênçãos da Suprema Corte, no caso Korematsu v. United States.

Para os críticos da lei, o governo Obama pode negar que haverão prisões indiscriminadas de cidadãos americanos, porque a história mostra que o governo americano não é avesso a fazer isso.


Os militares dos Estados Unidos, sob a autoridade presidencial, podem prender, sequestrar e deter por tempo indefinido, sem acusação formal ou sem o devido processo qualquer cidadão americano...

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Estou sendo processado criminalmente, serei preso ao final do processo?

29 Comentários

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E chamam a isso de democracia? continuar lendo

Esta é a "the land of the free and the home of the brave".
Os americanos deixaram de ser uma democracia a muito tempo. É um estado policial de exceção, exatamente, na acepção da palavra. Tem imprensa comprada, congresso controlado e presidente marionete. Nem de perto a antiga democracia americana, imperfeita, mas ainda assim muito melhor do que vemos nos dias de hoje. E o exército americano é uma paródia do que já foi, e está praticamente terceirizado. Obama tem tanto poder quanto um imperador romano tinha; pode inclusive matar americanos sem acusação ou julgamento. Coisa que ele já fez, reiteradamente, nosso orgulhoso Nobel da Paz. continuar lendo

Os americanos há muito deixaram de ser um pais verdadeiramente democrático. Só pode ser complexo de Vira-latas o apoio a essa barbaridade. notem se algum "grande" orgão da nossa imprensa dará destaque a isso, mas se fosse na Venezuela ou Brasil,.... continuar lendo

Não consigo me livrar do sensação de que o próximo Hitler vai vir lá do Grande Irmão do Norte, berço da liberdade à base de Tomahawks. continuar lendo