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18 de Abril de 2024
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    "A desigualdade pode ser necessária para o crescimento"

    Publicado por Consultor Jurídico
    há 10 anos

    Entrevista concedida pelo economista francês Thomas Piketty, autor do livro Capital do Século 21, ao jornalista Jorge Pontual, para o programa Milênio, da GloboNews. O Milênio é um programa de entrevistas, que vai ao ar pelo canal de televisão por assinatura GloboNews às 23h30 de segunda-feira com repetições às terças-feiras (11h30 e 17h30), quartas-feiras (5h30), quintas-feiras (6h30 e 19h30) e domingos (7h05).

    Um por cento da população mundial de adultos, 45 milhões de pessoas, possui 50% da riqueza do planeta. A informação está no livro Capital do século 21, do economista francês Thomas Piketty. A obra que será lançada no Brasil em setembro é um estudo da distribuição da riqueza e da renda no mundo nos últimos 300 anos. Todos os dados, gráficos e tabelas estão disponíveis na internet, no site The World Top Incomes, para o qual contribuíram mais de 30 economistas de muitos países. É o maior estudo já feito sobre a desigualdade econômica. Lançado nos Estados Unidos em abril, o livro virou o assunto do momento com mais de 100 mil exemplares vendidos. Alguns dizem que é uma das obras mais importantes publicadas nesse século. Já o jornal britânico Financial Times apontou erros nas contas do economista e descartou a tese de que a desigualdade está aumentando. De passagem por Nova Iorque, Thomas Piketty falou ao Milênio sobre o seu desejo de ampliar o debate sobre o tema e lamentou que os dados da Receita Federal sobre a distribuição da renda e da riqueza no Brasil não estejam disponíveis para pesquisadores como ele.

    Jorge Pontual — Um por cento da população é dona de 50% da riqueza do planeta — o que é bastante inquietante. Essa é a palavra que você usa no seu livro?
    Thomas Piketty — Sim, quer dizer, a desigualdade pode ser necessária, útil para o crescimento, para a inovação, contanto que ela seja razoável. O problema é quando a desigualdade se torna extrema, e é verdade que a distribuição do patrimônio, mais do que a do salário ou da renda, pode frequentemente assumir proporções extremas. A gente observa isso em diversas sociedades ao longo da história, a gente observa isso no mundo hoje, e o objetivo do meu livro não é denunciar isso por si só, mas tentar compreender as forças econômicas, políticas e sociais que produzem esse tipo de concentração de riqueza ou que permitem, ao contrário, a emergência ou desenvolvimento de classes médias e uma certa distribuição do patrimônio. Então, o livro tenta compilar muitos dados históricos de mais de 20 países em mais de 200 anos para tentar compreender melhor esse tipo de pirâmide.

    Jorge Pontual — É preciso esclarecer que você não é um marxista ou um neomarxista como alguns já vêm dizendo, você é a favor do capitalismo e da globalização, mas você mostra que Marx acreditava que a acumulação de capital levaria à destruição do capitalismo — não sei explicar isso, você explicaria melhor que eu. E você, ao contrário, mostra que esse processo de acumulação pode continuar, não há nenhuma força econômica que impeça essa acumulação permanente de capital. É isso?
    Thomas Piketty — Sim. Há muitas e grandes diferenças entre o livro de Karl Marx e o meu. As conclusões que eu tiro são bem diferentes porque a minha conclusão é que, à medida que acumulamos mais capital, também temos progresso técnico e, às vezes, temos também um pouco de crescimento da população, de tal forma que o rendimento do capital não tem razão para se reduzir a zero. Tudo depende da evolução da tecnologia, até que ponto temos usos diferentes para o capital: robôs, mercado imobiliário... É uma história multidimensional a história do capital, e o que tento contar no meu livro é que as diferentes formas de ativos não obedecem às mesmas leis. Mas se, no total, continuarmos a ter usos diversificados para o capital, e se continuarmos a usar um mínimo de progresso técnico e de crescimento da população, o rendimento do capital não tem nenhuma razão de chegar a zero, à medida que nós o acumulamos. Então, a lei que resume um pouco os meus resultados é bem diferente das de Marx. Marx dizia que o rendimento vai a zero e tudo vai desmoronar. Já eu digo que, do ponto de vista estritamente econômico, pode-se perfeitamente ter um rendimento do capital que para sempre será, digamos, de 5% por ano e uma taxa de crescimento que será sempre em torno de 1% por ano, e isso não causa problema do ponto de vista puramente econômico. O que vai acontecer é que, em média, os detentores do patrimônio vão reinvestir um quinto...

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