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24 de Abril de 2024
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    Novas MPs trazem “tempo de vacas magras”

    Publicado por Consultor Jurídico
    há 9 anos

    Vocês que fazem parte dessa massa
    Que passa nos projetos do futuro
    É duro tanto ter que caminhar
    E dar muito mais do que receber
    E ter que demonstrar sua coragem
    À margem do que possa parecer
    E ver que toda essa engrenagem
    Já sente a ferrugem lhe comer
    Êh, oô, vida de gado
    Povo marcado
    Êh, povo feliz!
    Lá fora faz um tempo confortável
    A vigilância cuida do normal
    Os automóveis ouvem a notícia
    Os homens a publicam no jornal
    E correm através da madrugada
    A única velhice que chegou
    Demoram-se na beira da estrada
    E passam a contar o que sobrou!
    Êh, oô, vida de gado
    Povo marcado
    Êh, povo feliz!
    O povo foge da ignorância
    Apesar de viver tão perto dela
    E sonham com melhores tempos idos
    Contemplam esta vida numa cela
    Esperam nova possibilidade
    De verem esse mundo se acabar
    A arca de Noé, o dirigível,
    Não voam, nem se pode flutuar
    Êh, oô, vida de gado
    Povo marcado
    Êh, povo feliz!

    (Admirável Gado Novo, Zé Ramalho)

    Não se assuste, pobre leitor. Não se cuida de um ensaio veterinário. Trataremos dos bovinos, sim, mas para uma dupla observação. A disparidade entre discursos de campanha e de governo e os efeitos da “neomaldade” anunciada, convertida em Medidas Provisórias com efeitos permanentes sobre as relações de trabalho, tanto privadas quanto públicas.

    O que é um discurso de campanha política e o que é a realidade prática das ações dos eleitos?

    Na verdade, vê-se com nitidez que há quase uma indistinção entre propostas e partidos no que tange à administração da economia. Uma pasteurização da política partidária e econômica, assim como do leite, hoje homogeneizado antes da venda ao público. Fosse um ou outro o eleito, estaríamos a lamentar senão os mesmos atos, medidas de distinção cosmética, apenas.

    Corria o dia 17 de setembro de 2014. Dilma Vana Rousseff estava em Campinas, no estado de São Paulo, em plena campanha eleitoral para reeleição. Como candidata, então, disse, textualmente: “Nós não vamos mexer em direitos trabalhistas nem que a vaca tussa.”

    Triste sina, a da vaca! Dilma sequer tomou posse e a vaca já tossiu.

    Os bovinos, provedores de leite, couro, carne, tutano, fezes convertidas em adubo, chifres e berrantes, são inúmeras vezes injustiçados. Seus gases são supostamente culpados pela destruição da camada de ozônio da terra. Infectados por agentes biológicos cuja propagação deve-se atribuir ao ser humano, já foram vítimas da “doença da vaca louca”. Expressões e mais expressões invocam as inocentes vacas.

    A começar do Gênesis, primeiro livro do Velho Testamento que, no Capítulo 41, descreve o sonho de José do Egito, faraó que viu vacas gordas e magras pastando ao longo das margens do Nilo. Seu sonho foi interpretado como anúncio de tempos fartos seguidos de privações. Vacas gordas e magras que se sucederam, invocando a lição divina do planejamento.

    Como aqui não se planeja, mas se remedia, agora, os “proto-neo-ministros”, mãos de vaca com trabalhadores e pródigos em juros, juram que vão economizar R$ 18 bilhões, ou 0,3% do Produto Interno Bruto com a redução de benefícios sociais.

    Foi anunciado um pacote de maldades que faz picadinho de direitos previdenciários e reflete largamente nas relações de trabalho, atingindo não apenas empregados como empregadores. Esse pacotinho, “embrulhinho pós-natal”, converteu-se nas Medidas Provisória nº 664/2014 e 665/2014, publicadas em edição extra do Diário Oficial da União de 30 de dezembro de 2014.

    É impressionante como se legisla nos estertores de dezembro de cada ano.

    As primeiras vítimas são os chamados cônjuges supérstites, ou, no linguajar popular, viúvas e viúvos de trabalhadores, cujas pensões estão insuportáveis aos cofres da Viúva, no dizer do jornalista Elio Gaspari.

    Morreram trabalhadores demais nos últimos anos. Entre 2006, quando se gastava cerca de 39 bilhões de reais por ano com pensões, e 2013, houve um salto para 87 bilhões. Muito dinheiro para os mortos.

    Mais urgente ...
































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