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29 de Abril de 2024

STF deve julgar descriminalização do porte de drogas para consumo próprio

Público X Privado

Publicado por Consultor Jurídico
há 9 anos

STF deve julgar descriminalizao do porte de drogas para consumo prprio

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, apresentará à corte na próxima quarta-feira (10/6) seu voto em um processo no qual um cidadão recorre contra punição por porte de drogas. Segundo a coluna da jornalista Sonia Racy, no jornal O Estado de S. Paulo deste sábado (6/6), a tendência é que ele decida a favor do autor – o que, na prática, descriminalizaria o consumo pessoal.

O homem foi condenado a dois meses de prestação de serviço à comunidade por ter sido flagrado com três gramas de maconha. A Defensoria Pública de São Paulo, que recorre contra a punição, alega que a proibição do porte para consumo próprio ofende os princípios constitucionais da intimidade e da vida privada.

Defensoria tenta anular condenação por porte de maconha; ministro Gilmar Mendes é o relator do processo no STF.

Carlos Humberto/SCO/STF

O crime está previsto no artigo 28 da Lei 11.343/06, que fixa penas para “quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização”.

Como o caso teve repercussão geral reconhecida, a decisão deve impactar outros processos em todo o país. Ainda seria preciso estabelecer regras sobre produção, venda e a quantidade que configura “uso pessoal”.

Em 2011, quando o tema entrou no Supremo, a Procuradoria-Geral da República posicionou-se contra a descriminalização. Em parecer, declarou que a lei protege a saúde pública, "que fica exposta a perigo pelo porte da droga proibida, independentemente do uso ou da quantidade apreendida", pois contribui para a propagação do vício na sociedade.

Repercussão

Diversas entidades entraram como amicus curiae no processo, como a Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD), o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (Ibccrim), o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), a Conectas Direitos Humanos e a Pastoral Carcerária.

Advogados de renome estão representando essas associações no processo, como o professor da USP e colunista da revista Consultor Jurídico Pierpaolo Cruz Bottini (CBDD), o criminalista Arnaldo Malheiros Filho (IDDD) e a professora da USP Marta Cristina Cury Saad Gimenes (Ibccrim).

Em 2013, ex-ministros da Justiça dos governos Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) enviaram um ofício ao ministro Gilmar Mendes, relator do RE 635.659, defendendo a descriminalização do porte de droga para uso próprio. Assinaram o documento Márcio Thomaz Bastos, Nelson Jobim, José Carlos Dias, José Gregori, Aloysio Nunes, Miguel Reale Junior e Tarso Genro.

No ofício, os ex-ministros argumentaram que “cada cidadão tem liberdade para construir seu próprio modo de vida desde que respeite o mesmo espaço dos demais” e que “não é legítima a criminalização de comportamentos praticados dentro da esfera íntima do indivíduo que não prejudiquem terceiros”.

Eles classificaram a guerra às drogas “um fracasso” e apontaram que “tratar o usuário como cidadão, oferecendo-lhe estrutura de tratamento, por meio de políticas de redução de danos, é mais adequado do que estigmatizá-lo como criminoso”. Citaram ainda como experiências bem-sucedidas exemplos de países como Portugal, Espanha, Colômbia, Argentina, Itália e Alemanha.

Guerra fracassada

Os governos latino-americanos estão resistindo aos princípios da abordagem dos Estados Unidos no combate às drogas, contestando estratégias como a proibição, a erradicação de plantações e o combate militarizado aos cultivadores. A tendência é apontada pelo suplemento do New York Times no jornal Folha de S. Paulo deste sábado.

A Colômbia acaba de barrar a pulverização aérea da coca, a planta da qual é feita a cocaína – elemento essencial da tática de combate dos EUA. A Bolívia expulsou a DEA (a agência norte-americana de combate às drogas) do país há anos e permite o cultivo de pequenas plantações de coca. A Guatemala estuda a criação de mercados legais para algumas drogas. Mas o principal exemplo dessa mudança é o Uruguai, que está regulamentando a produção, a venda e o consumo de maconha.

"Pela primeira vez em 40 anos, está ocorrendo um movimento importante de resistência desses países, que são os que suportam boa parte do sofrimento provocado por essa guerra", disse à publicação o historiador Paul Gootenberg. A resistência reflete o declínio da influência dos EUA sobre a América Latina e o consentimento de que os métodos norte­ americanos de combate às drogas fracassaram.

Enquanto isso, o Brasil estuda a possibilidade de substituir a pena de reclusão em caso de porte de drogas por medidas alternativas, como prestação de serviços comunitários. No entanto, por falhas na norma, ocorreu o oposto, e o número de presos por crimes relacionados a drogas não para de crescer, aponta a reportagem.

RE 635659

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70 Comentários

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Finalmente uma medida digna de aplausos. Espero que assim deixemos os valores arcaicos para trás e que possamos, enfim, caminhar em direção à modernidade. continuar lendo

modernidade (estou sem sinal de interrogação). Chamamos isto de modernidade (interrogação). Eu acho de involução. continuar lendo

Eu chamo de evolução. continuar lendo

Boa Tarde Senhores,

MODERNIDADE?? EVOLUÇÃO?? kkkkkkkkkk

A - "A Defensoria Pública de São Paulo, que recorre contra a punição, alega que a proibição do porte para consumo próprio ofende os princípios constitucionais da intimidade e da vida privada".

1- Diante disso, partindo para um entendimento analógico, qualquer cidadão também poderia portar arma de fogo, artefatos caseiros (explosivos) se ele os usassem no quintal de sua residencia ou em via pública sem afetar

diretamente a terceiros, já que faria parte de sua intimidade e vida privada?
2- Uma vez que a descriminalização tenha funcionado em outros países necessariamente funcionaria em nosso humilde e educado país?

B - "No ofício, os ex-ministros argumentaram que cada cidadão tem liberdade para construir seu próprio modo de vida desde que respeite o mesmo espaço dos demais” e que não é legítima a criminalização de comportamentos praticados dentro da esfera íntima do indivíduo que não prejudiquem terceiros”.

1- Não sendo legítima a criminalização de comportamentos praticados dentro da esfera íntima do indivíduo que não prejudiquem terceiros, será mesmo que o uso de entorpecente não prejudica familiares, amigos, e até mesmo influenciaria crianças que visualizariam tal prática?

2- Se as drogas é um problema complexo para Saúde Pública, devido a N fatores, será que a descriminalização dos entorpecentes não prejudicaria o Estado (também seria um terceiro)?

3 - Dianto de um entendimento favorável a descriminalização ao consumo pessoal de drogas, deveria-se também descriminalizar o trafico? Uma vez que, se alguém usa é porque alguém vendeu. Se alguém vendeu e deverá ser punido pela venda, porque que compra não?? Quem compra é obrigado a comprar ou é livre a sua escolha para adquirir ONEROSAMENTE (DINHEIRO PARA DROGA" TODO MUNDO "TEM) entorpecentes ??

Destarte, além de diversas indagações possíveis a serem feitas com relação ao tema, porque será que Estado não assume o seu papel na Saúde pública (com relação as drogas), fiscalização e prevenção no momento do tráfico? tendo em vista que a fiscalização efetiva deve-se agradecer as Policias Federal, Civil, Militar e Guarda Municipal que ainda fazem sua parte nesse País.

SENHORES, ONDE ESTÃO OS RELATORES, MINISTROS E POLÍTICOS DO NOSSO BRASIL VARONIL NO MOMENTO EM QUE UM USUÁRIO DE DROGAS ESTÁ AGONIZANDO NO PRÓPRIO VÔMITO, FURTANDO OBJETOS, PARA PENHORAR AS DROGAS, DAS RESIDENCIAS DE FAMILIARES," DORMINDO " EM RUAS DEVIDO A SUA MARGINALIZAÇÃO, ENTRE OUTRAS CONSEQUÊNCIAS???? continuar lendo

Portar drogas para consumo próprio deixa de ser crime.
Portar uma coisa ilegal, continua sendo?
Suas consequências como ficam?
Alguém conhece um usuário de drogas que tem conhecimentos dos seus efeitos danosos a si e a outrem?
Quantas defesas feitas nos tribunais sob alegação que "meu cliente não sabia o que estava fazendo pois estava sob efeito das drogas..."?
Na minha ignorância;
Pra consumo ele tem consciência, desde que não prejudique terceiro, sob o efeito da maldita, ele não sabia o que estava fazendo?
Quem vai proteger o terceiro?
A lei?
Que lei? continuar lendo

Paulo, o tema é complexo e não possuo tanto tempo para me expressar, mas pelo meu pouco conhecimento jurídico sobre a maconha, não constatei, até hoje, nenhum estudo relacionando a maconha com a violência. Acredito que o problema não é a maconha em si, mas o usuário quando a procura no "mercado" e esse não a tem, momento que "portas se abrem" para as outras, pois o dependente químico buscará qualquer outra droga para saciar o vício. O que pode ensejar ao cometimento de delitos perante uma sociedade que discrimina alguém que só utiliza maconha, e por conta disso, jamais conseguirá, generalizando, manter sua dependência. continuar lendo

Paulo, achei seu comentário um pouco generalizado. Na verdade, o que acontece no Brasil atualmente é o seguinte: a maioria dos jovens que são pegos portando drogas são de classe média, universitários, brancos, etc... O que se tenta com essa proposta é reduzir a lotação das cadeias brasileiras, que já não tem mais onde enfiar gente que foi pega portando/traficando drogas.

No entanto, faz-se confusão sobre os efeitos das drogas, sou a favor de descriminalização da Maconha apenas, pois ela não estimula o sujeito, pelo contrario, o desmotiva. Ao contrario da cocaína, crack e até do álcool, drogas que estimulam, que incentivam e se tornam o pavio para o sujeito fazer o que não deve.

O Brasil deveria adotar o modelo americano de descriminalização da Maconha; lá ficou comprovado que, após a descriminalização, os crimes de tráfico de drogas, venda ilegal de armas caíram consideravelmente, além de que a policia não mais se importa com que consome a erva, e sim com quem vende as drogas mais "estimulantes".

Veja bem, não defendo maconheiro, mas o Brasil já perdeu a guerra contra as drogas. QUEM VAI ME DEFENDER? A policia? Se ele estiver correndo atrás de maconheiro, ela não pode me ajudar quando um sujeito entrar na minha casa para me roubar.

A mentalidade da liberação da droga vem da mesma ideia de que necessitamos que liberem armas para os cidadãos, se as armas fossem permitidas, o numero de homicídios também reduziria, visto que não é só o bandido que teria uma arma pra me matar.

Observe que estou apenas colocando meu ponto de vista. continuar lendo

Prezados André e Guilherme.

Agradeço pelos comentários de valores expressivos e relevantes.

Contudo, a eficácia não condiz com a prática.
Guilherme cita o exemplo dos EUA, bom seria se pudéssemos pratica-los, mas a questão está em que tipo de sociedade e cultura vivemos.
Infelizmente somos inferiores, não estamos preparados socialmente, financeiramente para essa medida.
O governo quer "liberar", com os propósitos extrínsecos, mas na verdade os intrínsecos, é que vão nos afetar, ou seja, ainda não estamos preparados para suas consequências reais.
Exemplo; Se um usuário de maconha, na busca insaciável do seu vício, procura outras drogas, tipo o craque, (sabemos dos seus efeitos quase irreversíveis e danoso ao consumidor) teria ele condições financeiras para manter seu vício?
Na prática de um delito (seja ele qual for) o Estado está preparado para lidar com esses?
Nosso sistema carcerário é "generalizado", não importa seu infrator, de que forma , quem ou o que, todos para a vala comum, ressocializa alguém?
Veja o sistema carcerário dos EUA e compare ao nosso, estamos preparados?
Quando me expresso, é correto a assertiva de ambos, quando mencionam que generalizo o fato em si, trato de um modo geral a situação, não dá para ver cada caso um caso.
Antes de simplesmente liberar ou descriminar, devemos preparar-se para o pleito.
Olhar com carinho a origem do consumo, lido com jovens drogados e posso dizer que 99% dos casos, a origem está na questão social, quanto a isso o governo não está cumprindo sua parte.
Abraços. continuar lendo

Ah sim, sem dúvidas que não estamos preparados estruturalmente. A sociedade do Brasil está longe de conseguir entender que a droga, por si só, não é o problema. Ainda nos preocupamos sobre questões de sexualidade ou religião. Interessante o diálogo contigo e esse assunto deve ser mais debatido pelas pessoas, temos que acabar com esses estigmas que acercam a sociedade brasileira, para assim, quem sabe, chegarmos a uma nação realmente desenvolvida. continuar lendo

É Paulo, gostaria de fazer um comentário construtivo em cima do seu, mas é impossível... E o álcool, o cigarro, só porque são drogas sociais, são permitidas? Vê se consegue remover seu comentário... continuar lendo

Maconha não vicia. continuar lendo

Prezado Harden Resende

Não entendi seu comentário, remover porque?
Você é a favor, é usuário? Limite-se a sua opinião.
Você disse muito bem, álcool e cigarros, sem sobra de dúvidas, são drogas lícitas e muito nocivas a saúde.
Faça você uma campanha nacional para tira-las do mercado, ou torna-las ilícitas, estas por sua vez já nos causam tantas dependências, degradações nas famílias, no social, no financeiro, e você vem com esta solicitação inadequada?
Reveja seus conceitos. continuar lendo

Não é a primeira e nem a última que o STF resolve fazer o papel do Legislativo. Acho que é hora de acabar com o Congresso, afinal, temos o STF não é? continuar lendo

bravo!!!! concordo plenamente contigo continuar lendo

Senhores!
Quem diz que o usuário de droga não causa mal a terceiro?
Mesmo que seja o usuário eventual, ainda assim causa, pois para adquirir a droga se ela qual for o usuário compra do traficante, ou seja, financia o trafico. Sabe quantas pessoas morrem todos os dias por causa das drogas?
Sua mãe, seu pai, seu irmão, sua esposa, seu filho ou alguém que você admira, em fim qualquer uma destas pessoas podem ser vitimas do trafico de drogas, seja pelos usuários, que são capaz de re matar a própria mãe por drogas, como já aconteceu, até o traficante que mata, ou manda matar aquele usuário que ficou devendo. As drogas tem que acabar!!!
e se não ha usuário, para quem vender? o usuário é tão culpado quanto os traficantes por toda a violência gerada pela droga! e deve ser punido com a mesma intensidade do traficante, pois em um mundo como hoje todos tem acesso a informação e sabe que droga é ilegal, que faz mal a saúde, por que todos os dias cada vez mais aumenta o numero de usuários de droga no Brasil???
Se o uso for descriminado aí sim, preparem-se para o caos. continuar lendo

Com todo respeito Gilberto Roveda, mas este argumento seu é baseado, deduzo, no primeiro filme do BOPE, tropa de elite.

Juridicamente falando, o usuário de droga não pode ser responsabilizado pela eventual conduta criminosa do traficante.

Se o seu pensamento fosse correto, deveríamos processar os comerciantes que vendem bebida alcoólica solidariamente com os produtores da bebida, uma vez que eles alimentam as mortes no trânsito provocados por motorista embriagados.

E o princípio da intranscendentalidade da pena?!

Sobre este assunto o que mais paira é pré-conceito, ideias preconcebidas.

Saliento, não defendo drogados, mas a justiça e o raciocínio lógico.

Não se vence o vício através da prisão, mas pela educação.

Nenhum viciado em refrigerante, álcool, antidepressivos, tabaco, etc... procura ajuda do delegado para resolver seu problema.

Faça um exercício imaginativo, quanto policiais poderiam se ocupar com a elucidação de um homicídio, latrocínio, sequestro, se não tiverem que se preocuparem com um maconheiro no parque? No mínimo são duas horas entre apreensão e lavratura do boletim de ocorrência da prisão do "perigoso maconheiro".

Some-se a este fato, o dinheiro que hoje abastecem traficantes, abasteceriam os cofres públicos através dos pesados tributos, como se fazem com cigarros e álcool.

Outro ponto, já imaginou quantos empregos formais este mercado não proporcionaria?

E quantas vagas nos presídios superlotados não surgiriam com a abolição deste "crime"?

E o controle de qualidade da droga, não permitiria a mistura de várias porcaria, diminuindo a procura do já abarrotado SUS.

E a desvantagem? Bom, a desvantagem seria a concorrência com o álcool, cigarro, indústrias farmacêuticas, uma vez que será mais barato um remédio natural do que os compostos químicos para dores, glaucomas, insônias, anorexia, epilepsia, etc.... continuar lendo

concordo contigo Gilberto Roveda. Certíssimo. Mas creio que as drogas já atingiram muito cérebros hoje, por isto defendem o seu uso e a sua banalização. E este o efeito a longo prazo das drogas, ela muda uma geração. A mente já não está mais clara continuar lendo