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27 de Abril de 2024

Submeter empregado a meta exagerada gera dano moral

Publicado por Consultor Jurídico
há 11 anos

A política de metas de produtividade para os funcionários não é recente e espalha-se para um número cada vez maior de estabelecimentos, estando presente em diversas empresas, entidades financeiras e até órgãos públicos. As metas seguem a lógica pós-fordista de produção e têm como finalidade garantir o maior rendimento possível dos funcionários, cortando os tempos mortos.

Entende-se que existe um limite mínimo de produtividade que todo empregado tem que alcançar, caso contrário seu rendimento é considerado insatisfatório e seu emprego fica ameaçado. O que se tem visto, no entanto, é uma constante elevação desse patamar mínimo. As metas tornam-se mais altas e exigentes e a pressão exercida sobre os empregados para que eles alcancem esses níveis é cada dia maior.

Chegou-se ao ponto em que as metas e a exigência para que sejam alcançadas representam um distúrbio no ambiente de trabalho, elevando a tensão e o estresse a que são submetidos os trabalhadores. Realidade ainda mais evidente no ambiente bancário.

Não se trata de um simples pedido do empregador para que o empregado trabalhe mais, mas de uma cobrança desmedida para que se cumpra uma meta praticamente inatingível, gerando no empregado uma insegurança constante com relação à continuidade da relação de emprego.

Diante desse quadro, o Poder Judiciário reconhece que a política abusiva de metas causa danos aos empregados e gera direito à reparação por assédio moral. O Tribunal Superior do Trabalho apresenta vasta jurisprudência em que afirma o direito à indenização aos empregados submetidos a metas exageradas.

O assédio moral é caracterizado pelo constrangimento psicológico constante e prolongado causado a uma pessoa, capaz de gerar ofensa à sua personalidade, dignidade ou integridade psíquica.

O que se vê nos Tribunais é que as demandas indenizatórias são, majoritariamente, individuais. Sabe-se que, em alguns casos, a pressão exercida sobre determinado funcionário é maior do que a dos demais. Situação especialmente comum quando se pretende que o empregado desista de seu posto, evitando para o empregador o pagamento dos direitos trabalhistas advindos de uma demissão sem justa causa.

Apesar dessa tão conhecida realidade, a forma de gestão que impõe metas exageradas atinge a todos os empregados, gerando desequilíbrio para o meio ambiente de trabalho de forma geral. Desta forma, o combate a essa política deve adotar diretrizes também coletivas.

A política exagerada de metas não se configura apenas como assédio moral praticado contra um empregado específico, mas como assédio moral organizacional. Não se trata de pressionar, exigir demasiadamente, gerar o sentimen...

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Sem dúvidas nós vivemos um momento de "produtividade" o judiciário está impregnado disso. Sempre quando vejo as matérias sobre o judiciário só escuto falar em números. "acabamos com X processos esse ano". A minha pergunta é: Qual a qualidade jurisdicional? Sei que existem abusos e absurdos. Não sou favorável a "re" burocratização da justiça, mas há que se encontrar um meio termo. A realidade hoje é que os juízes por qualquer coisa extinguem o processo, isso é claro para esvaziar o cartório e entrar nas metas. Por um lado as metas são ótimas, por outro expõe a justiça ao risco de não ser feita em virtude do frenesi de cumprir a meta. Lembro que o direito é uma atividade que lida com a vida das pessoas, com as relações que essas pessoas estabelecem. Registro que essas relações não são um produto industrializado fabricado em série. Penso que se deve refletir no verdadeiro sentido da razoável duração do processo. Como um cheff deve-se saber o ponto exato de tempero, pois muito fica intragável e pouco fica intolerável.
Saber o que é a razoável duração do processo é o sucesso esperado pela justiça brasileira. De certo existem processo que não tem o porque demorar anos como os do juizado, mas outros tem muito mais coisa envolvida como o sentimento, a dignidade e a vida das pessoas. Essas causas devem ser amadurecidas, pensadas para evitar erros no julgamento. Novamente assento, não sou a favor de processo ad aeternumm, mas acredito que se possa ter um meio termo entre o cumprimento de metas e o amadurecimento da lide. Posso chegar a dizer que as metas quase relativizam a razoável duração do processo. É como tirar o feijão do roçado antes do tempo, ele é comestível, mas com qualidade comprometida. Espero que me fiz entender nessa singela opinião.

Por Artur Félix continuar lendo

Agradeço sua opinião. continuar lendo

Trabalho em uma locadora de veículos, onde se tem metas que ao meu ver são bem agressivas ate porque não ganhamos comissão, como pode uma empresar cobrar tanto uma meta sendo que não paga nada a mais por isso ? Eles fazem uma campanha semestral onde uma pequena parcela de funcionários ganha um valor a mais, mas fora isso é uma cobrança maciça com inclusive ameaças de perda de emprego. Penso que já que trabalho com venda trazendo muito lucro para empresa o mínimo era me pagar uma comissão por isso. continuar lendo