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18 de Abril de 2024

Estudo prevê que robôs farão trabalho de novos advogados e paralegais

Publicado por Consultor Jurídico
há 8 anos

No início dos anos 1970, uma célebre mensagem na porta de um banheiro na Universidade de Brasília dizia: “Quer mais uma vaga para engenharia? Mate um japonês”. A frase causou polêmica, mas era um reconhecimento à inteligência e à dedicação aos estudos dos nisseis. Houvesse x japoneses matriculados no vestibular para cursos de ciências exatas, sabia-se que a mesma quantidade de vagas seria ocupadas por eles. Cabia aos demais vestibulandos disputar as restantes.

Existem situações em que a competição é “ingrata”. Dentro de alguns anos, por exemplo, uma situação semelhante poderá se repetir para estudantes de Direito — em relação a emprego, porém. A mensagem na porta do banheiro da faculdade poderá ser, então: “Quer criar uma vaga em um escritório de advocacia? Quebre um robô”.

Uma outra possibilidade é aparecer escrito: “Mate o Watson”, o robô com inteligência artificial, inventado pela IBM. O site do Watson explica que ele é, na verdade, é um sistema de computação cognitiva que entende a linguagem natural e não precisa ser programado: aprende com o uso, a cada dia.

Ou então: “Mate o Ross”, o “primeiro advogado artificialmente inteligente do mundo”. O Ross foi criado por estudantes da Universidade de Toronto. Ele foi gerado de uma “costela” do Watson — isto é, criaram um aplicativo que resultou em uma versão do Watson, um robô especializado em serviços jurídicos.

Para tornar a perspectiva ainda mais assustadora, o Ross foi “adotado” pela maior banca do mundo, a Dentons, de acordo com o jornal The Globe and Mail e o site Ars Techinica. “Como um ser humano, o Ross está passando por um período de experiência em um escritório de advocacia, está aprendendo e ficando melhor a cada dia”, disse ao jornal o cofundador da Ross (que criou uma start-up com o nome do robô) Andrew Arruda.

Qualquer que seja o nome, o fato é que, dentro de dez anos, praticamente todos os serviços jurídicos executados hoje por advogados de primeiro ano de prática e por paralegais (ou auxiliares jurídicos) serão executados por robôs. Então, o Watson e o Ross poderão ser peças de museu, por conta da velocidade em que a tecnologia evolui. Mas a certeza é que em cinco anos, robôs mais evoluídos já darão sinais de vida.

A previsão é para os Estados Unidos e foi feita por administradores ou “líderes” de escritórios de advocacia, em uma pesquisa realizada pela Altman Weil. Todos os anos, essa firma entrevista os “líderes” das bancas americanas, para analisar as transições que estão a caminho – e que irão ocorrer — nas atividades cotidianas da advocacia, para se prever o futuro.

Se concorrer com japoneses no vestibular para engenharia já é uma tarefa difícil, concorrer com o Ross pode ser uma missão impossível. Ele pode “varrer” milhões de páginas de jurisprudência e legislação em segundos, para responder questões jurídicas — ele ganhou um concurso no programa Jeopardy, de perguntas e respostas, nos EUA, fazendo exatamente isso.

Nem todos os “líderes” da advocacia americana apostam no sucesso dos robôs. De todos os entrevistados, 35% acreditam que o trabalho dos novos advogados será feito por robôs no futuro. E 47% acreditam que os paralegais perderão o emprego. Mas, em 2011, apenas 23% pensavam assim, em relação a novos advogados, e 35%, em relação aos paralegais.

Uma boa parte dos advogados, em todo o mundo, no entanto, ainda são resistentes à computação e à adoção de novas tecnologias. Mas à medida em que os robôs se comprovarem eficientes, reduzirem os custos do escritório, trabalharem quantas horas por dia forem necessárias sem reclamar, eles devem mudar de ideia.

A guerra do homem contra a máquina, pelo trabalho, não é nova, evidentemente. Teve grande expressão na Revolução Industrial, como se sabe. A máquina sempre irá prevalecer. E o homem sempre encontrará uma saída, mesmo que seja pela tangente.

A adoção do Ross pela Dentons é um alerta para a classe e para as faculdades de Direito se prepararem para a transição que virá — e estarem prontas para ajudar a salvar pelo menos os novos advogados.

As previsões são de que esses robôs vão invadir, primeiramente, o espaço dos advogados do primeiro ano de prática; depois do segundo ano de prática; depois do terceiro.

Quantos aos paralegais (ou auxiliares jurídicos), eles poderão fazer parte, dentro de algum tempo, de uma classe em extinção.

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35 Comentários

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E a capacidade de interpretação da Lei , dos fatos, de persuasão... não acredito nessa possibilidade abordada no texto! Robôs são meros computadores programados, isto é, necessário um programa para rodá-lo... se nem o Windows roda perfeitamente, sem algum bugzinho, imagina um robô! continuar lendo

O pior é a possibilidade deles acharem que a raça humana prejudica o planeta. Programados pelo Bill Gates (reaproveitando o Vista- arghhhh), com a Internet perto de 1 Giga, "oi nois" vivenciando o Exterminador do Futuro, ao vivo, a cores em 3D. continuar lendo

Rafaela, é exatamente nisso que o pessoal da IBM está trabalhando. Eles estão tentando emular o cérebro humano, em toda a sua capacidade. Estão muito longe disso ainda, mas esse ramo da inteligência artificial é extremamente novo, com menos de 10 anos de pesquisa. Até o final do século, com certeza o próprio juiz estará obsoleto.
Imagine um juiz regrado não apenas por leis, fatos, a prova de persuasão e jurisprudência. Esse juiz terá todos os conceitos filosóficos desenvolvidos em toda a história do ser humano reunidos nele, poderá analisar um caso, quando com todos os dados pedidos reunidos, em questões de segundos, analisando até os argumentos técnicos do caso (como por exemplo, se a asa de um avião poderia ceder sob tais condições).
Achar que nós não conseguiremos chegar a este nível é leviano. É como as pessoas que esnobaram os donos do Google quando disseram que poderiam realizar bilhões de pesquisas por segundo.
No futuro, não haverá profissão que um robô não poderá fazer (apesar de, na verdade, o Watson não ser um robô propriamente dito, mas sim um computador baseado em programação neurolinguística). continuar lendo

São sinais dos tempos. A dúvida é como será aplicado, já que, embora, até seja possível a interpretação da lei, sempre lhe faltará a sensibilidade, que é aquele toque, que é de improviso, de repente, em um impulso, através de uma palavra em um testemunho, uma expressão facial, ou qualquer coisa assim.
Advogados sempre existirão, como sempre existiram, desde os tempos bíblicos.
Afinal... sem advogado, não se faz justiça! continuar lendo

Olá, Roberto. A texto parece que não elucidou corretamente o que é o Watson. Primeiro que ele não é um robô, e sim uma super máquina. Segundo que o que o pessoal da IBM está fazendo é exatamente o que você disse que ele não terá. O Watson está sendo programado para ter a mesma mente que um ser humano. Tomar decisões inéditas e aprender como uma criança, com a vantagem de nunca desaprender. Até o final do século, o próprio juiz estará obsoleto.
Veja a evolução de um computador cognitivo:
http://research.ibm.com/cognitive-computing/neurosynaptic-chips.shtml#fbid=Kxf4is9ixVl continuar lendo

Ora, esse robô tiraria 10 na prova da Ordem, caso a realizasse.
Eu também, caso conseguisse decorar todas as leis, jurisprudências, etc.
Na verdade, qualquer um passaria assim... é nisso que se baseia a prova. continuar lendo

Fato que mercê explanações!

Existem softwares ´na área jurídica, desde planejamento de carta de cliente até preparação de recursos de multas de trânsito. A cada dia nos surpreendemos com o avanço, vertiginoso da tecnologia. A área militar que o diga.

Cortana, por exemplo, do Windows 10 — ainda não disponível em português — consegue interpretar alguns comandos do usuário. Aplicativos do Google Chrome conseguem escrever o que o usuário fala. eu usava o IBM Voice, mas só funciona no Windows XP, o que não é o meu SO atual.

Aos pessimistas, quando o primeiro trem atingiu a velocidade de 30 km/h, os cientistas diziam que o trem iria se desintegrar, porque os elétrons iriam se separar do núcleo — e pensar que contemporaneamente tem o Trem Bala.

A Inteligência Artificial é um fato que vem ganhando mais espaço no meio científico. Quando for totalmente automatizada, como será a vida humana? Afinal, máquinas farão os mesmos trabalhos que os seres humanos fazem. Será que a humanidade se voltará para a filosofia e os mistérios da vida? Ou será que veremos "reprises" de filmes na vida real cujos empresários controlarão todos os recursos naturais do Planeta enquanto os párias sucumbem diante de suas vidas desgraçadas pelo sistema abissal das desigualdades sociais? Eis as perguntas. continuar lendo

IBM Voice é o "fala que eu te escuto" no XP? Ainda existe?
Vou testar.
Quando às opções propostas por você, a segunda opção é a planejada para o controle global. Uma agenda quase completa. Prepare-se. Quase todos seremos párias e sucumbiremos pelos sistema abissal das desigualdades sociais. Dê uma pesquisada pela aí. David Icke é um bom nome para se ter as primeiras notícias do controle mundial que se completa. continuar lendo