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24 de Abril de 2024

Só Star Wars salva! A desordem também se instalou nesta República

Publicado por Consultor Jurídico
há 8 anos

Por Raul Haidar

"A desordem instalou-se na

República Galáctica.

A cobrança de impostos das

Rotas de comércio para sistemas

remotos está sendo contestada.

Esperando resolver a questão

Com um bloqueio de poderosas naves de guerra,

A gananciosa federação de comércio

Suspendeu toda remessa

para o pequeno planeta Naboo.

Enquanto o Congresso da República

Discute indefinidamente

Essa alarmante sequência de eventos,

O Chanceler Supremo enviou, secretamente,

Dois Cavaleiros Jedi,

Guardiões da paz e da justiça na galáxia,

para porem fim ao conflito...”

Nesta semana, entra em cartaz nos cinemas a nova versão da série cinematográfica Star Wars, em seu sétimo episódio, denominado O Despertar da Força. Quem assistiu ao primeiro capítulo cronológico da saga (A Ameaça Fantasma) deve lembrar-se da mensagem que abria a película, acima transcrita. Tal guerra teve início quando se instalou uma disputa pela cobrança de impostos, e o Congresso era consumido por uma discussão sem fim. Parece que voltamos ao futuro, mesmo que seja na ficção.

Por aqui, só falta o Estado ceder ao Lado Negro da Força e construir sua própria Estrela da Morte. De senador Palpatine a Darth Vader, não nos faltam vilões. E não temos nenhuma Aliança Rebelde para garantir sua destruição.

Sem a ajuda de nenhum Jedi nestas plagas terrestres, resta-nos contestar a cobrança dos tributos não só porque o governo é ganancioso, mas também porque o produto de sua arrecadação não reverte em benefícios para o povo na mesma proporção. Estamos ameaçados como os habitantes de Naboo e à míngua como quem vive em Tatooine, à mercê de todo tipo de rapinagem.

A tributação deve ser razoável e justa, a cumprir o artigo da Constituição: construir uma sociedade livre, justa e solidária, com desenvolvimento social e erradicar a pobreza e a marginalização, além de reduzir as desigualdades sociais e regionais.

No futuro de ficção científica que os filmes da série nos trazem, vislumbramos a guerra nas estrelas em busca de uma justiça proporcionada por forças esotéricas, comandadas por seres fantásticos e membros de uma ordem mística ou iniciática de cavaleiros.

Pode o leitor surpreender-se com a ligação que se faz entre o filme de ficção e a realidade tributária. Há vários pontos em comum, a começar pela figura dos baluartes da Justiça, os Cavaleiros Jedi, cujas capas esvoaçantes remetem-nos às imagens das togas dos nossos magistrados nas cortes superiores, onde a Justiça deste país se faz.

Se procurarmos em nosso passado desde muitos séculos até a nossa realidade atual, vemos uma sucessão de guerras tributárias desgastantes, sem efeitos especiais ou mágicas misteriosas, mas sempre com grandes perdas e enormes sofrimentos.

A questão mais evidente é o limite da carga tributária. Não podemos sofrer uma tributação que coloque em risco nossa capacidade de sobreviver com dignidade e com o conforto que seja proporcional aos nossos esforços.

Quando o poder público aplica uma carga além do limite do razoável, estimula a sonegação, favorece a corrupção e prejudica a prosperidade. Vale aqui lembrar Margareth Tatcher: “Nenhuma nação jamais se tornou próspera por tributar seus cidadãos além de sua capacidade de pagar” (Londres, Convenção do Partidor Conservador, 1983).

Além de uma carga tributária que nos estimule a produzir e nos afaste da vocação de Macunaíma que muitos possuímos, também é imprescindível que tenhamos um sistema fiscal eficiente, onde haja segurança jurídica.

Esse sentimento de não sabermos a regra do jogo é uma vergonha, especialmente nesta época de tanta tecnologia. Nesse sentido, pronunciou-se a então ministra do STF Ellen Gracie: “Neste país, nunca se sabe quanto tem que se pagar de impostos. E isso causa infelicidade nos cidadãos e atrapalha o crescimento"(XXI Simpósio Nacional de Estudos Tributários, 12/11/2010).

O mais recente exemplo da ineficiência de nosso sistema fiscal é o ridículo episódio das informações e emissão de guias dos encargos sociais dos trabalhadores domésticos. Chega a ser inacreditável que a Receita Federal, com todo o aparato tecnológico e humano de que dispõe, não consiga, na forma e tempo apropriados, disponibilizar meios eficazes de cumprimento de normas tão singelas. Tem-se a impressão que encarregaram estagiários semianalfabetos para implantar o sistema!

A cobrança exagerada de tributos já deu origem a muitas reações por parte dos explorados. A Inconfidência Mineira surgiu da “derrama”, quando Portugal aumentou o imposto que cobrava da então colônia de 10% para 20% (o quinto). Isso ocorreu também em colônias mantidas por outras metrópoles.

Monteiro Lobato já disse: “A história da civilização cabe dentro da história do fisco. Grandes convulsões sociais, como a revolução francesa, tiveram como verdadeira causa as iniquidades do fisco” (Monteiro Lobato em Mundo da Lua).

No Brasil, vemos que o “Congresso da República discute indefinidamente essa alarmante sequência de eventos” e perde seu tempo com assuntos sem importância, deixando de cuidar dos direitos dos contribuintes.

Até sexta-feira (11/12) foram sancionadas nada menos que 18 leis aprovadas pelo Congresso, todas elas com a única finalidade de instituir datas comemorativas! Da série, a primeira foi a Lei 13.082, que instituiu o Dia Nacional do Humorista, e a mais recente, a 13.187, que criou o Dia da Amazônia Azul. Pintar toda a floresta de azul vai dar muito trabalho e custar muito caro. Espero que mudem de ideia. No meio disso tudo, tem a Lei 13.117, que manda comemorar em 12 de novembro o Dia Nacional da Liberdade, talvez a insinuar que todos os demais sejam de escravidão.

Na quarta-feira (9/12), o Senado aprovou o texto do PL 77/2015, que institui o Código de Ciência, Tecnologia e Inovação. Até aí, tudo bem: projeto aprovado no mesmo ano. Enquanto isso, porém, está parado na Câmara o PL 2557/2011, cujo objetivo é criar o Código de Defesa do Contribuinte. Ao que parece, nossos legisladores odeiam os contribuintes, essas pessoas que pagam seus salários e fazem o país funcionar.

Como a desordem está instalada na República, e a cobrança de impostos deve ser contestada, só nos resta a alternativa de procuramos o fim do conflito. Isso só podemos fazer perante o Poder Judiciário, já que os órgãos administrativos de julgamento fazem parte da gananciosa federação que ignora os nossos direitos. Ou então emigrar para outra galáxia, conseguir um sabre de luz e tentarmos ser um Jedi.

Que a força esteja conosco!

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16 Comentários

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É, e quem diria que o Jar Jar Binks assumiria a Presidência da República... continuar lendo

HAHAHAHA queria curtir mais vezes seu comentário continuar lendo

kkkkkkkkkkkkkk continuar lendo

Com a palavra, agora, o eleitor. Afinal, todos os políticos lá foram eleitos e muitos reeleitos. Basicamente podemos afirmar que o povo é culpado, no caso do Brasil. continuar lendo

Concordo plenamente com você Eduardo.

O povo elege seus representantes, nada mais digno dizer que o povo é culpado dos problemas, pois a corrupção nos é ensinada desde criança, resta a cada um ter o livre arbítrio de decidir. continuar lendo

Pois é Ginamara, até dou a pessoa o direito de erra um voto, afinal se eu não sei como você é moralmente, confio o meu primeiro voto. MAS se candidato fizer lambança e a população reelege, dá para afirmar que é conivente. continuar lendo

Perfeitamente.

O ano passado teve manifestações antes da Copa do Mundo, pessoas saindo à rua dizendo que não queriam mais o PT no governo e elegem. Tudo bem que o Aécio Neves também não iria resolver nossos problemas.

Acredito que exista muita falta de opção também. continuar lendo

Sabe Ginamara, fico feliz do PT ter ganho. Imagina todo o ajuste fiscal que é necessário ser feito, mas sendo feito pelo PSDB... O PT, com a moral que tem, estaria na rua dizendo que o PSDB estaria destruindo uma década de preços baixos da gasolina, energia... Enfim... Todo aquele discurso populista que faz... continuar lendo

E o sistema que corrompe? Se você não entra, está fora, sai da política. E os interesses próprios? E a proteção da família? Não é apenas "ignorância política", é "infecção política"... continuar lendo

Adorei! Nossa vontade é ter um sabre de luz e cortar a cabeça desses políticos! continuar lendo

OPS. Publiquei uma parte no meu face .. continuar lendo